Vou-vos contar, eu sei que não devia, mas hoje deu-me para isto. Dizia eu, vou-vos contar uma história sobre a minha namorada. Conheci uma "garina", uma tipa assim virada "prá frentex", num bailarico de verão, não foi no do Zé Malhoa, não, foi no do tinhoso do meu primo, que resolveu pegar na aparelhagem e colocá-la no pátio, um gravador dos anos 60, que tocava umas cassetes ranhosas e a cheirar a mofo, enquanto enrolava a fita das cassetes e a triturava naquelas roldanas das suas entranhas.
Mas vamos voltar à catraia, que é para isso que eu cá estou. O meu primo, não vai de modas, e convida a malta da rua dele, e mais eu, que morava a uns 40 kms noutra cidade, e faz uma festança daquelas de arrebimba o malho.
Eu, ao fim da tarde, com umas cervejolas enfardadas no bucho, dei em poeta, e dirigi-me à única catraia que tinha resistido àquilo tudo durante a tarde, e pedi-lhe que me acompanha-se na dança, dança essa, encostado ao balcão, que mais tarde os "Virgem Suta" roubaram a minha ideia, e fizeram a célebre música. Bobi tanto tanto, que a páginas tantas, estava encostado à catraia e pedir miminhos e festinhas na cabeça, e entre soluços e arrotos, lá lhe disse, em tom enviuzado o que pretendia exactamente naquele preciso momento, que foi mais ou menos assim:
- Olha... (hic)... se tu... (hic), quiseres... (hic)... Seríamos dois... (hic)... a...(hic)...(hic)...(hic)... (hic) a... (hic) a... (hic) a Quereri... (hic)...
A moça, ao som daquela música, de cor ia mudando, e quando acabei a frase, já ela estava dependurada de bruços na janela, que dava para o passeio, de rabo arrebitado, e a acenar tipo Pastora Alemã, em idade fértil e disposta para a cambalhota. Dirigiu-se-me à minha pessoa, o meu querido e tinhoso primo, com uma bilhete na mão, a dizer para ir levar a moça a casa, coisa que eu detestava, eu destestava e não sabia onde ela morava.
Mas, e porque ela tinha aceitado, dar umas cambalhotas comigo, e eu acho que devemos ser uns para os outros, lá acedi, e levantei ferro em direcção à cozinha, que foi onde fui buscar uma mini para o caminho.
Chegado a casa da moça, ela introduz-me aos pais, e o velhote dela, que era meio vesgo, com o desgosto, e com o vinho que já tinha mamado, desmaia no sofá. A velhota dela, que era uma mulher de aço, e com pelo nas ventas, mandou-me sentar em cima da marquesa. Aí fiquei fulo, fiquei passado.
Um gajo leva a filha dela a casa, cheio de amor para dar, e a puta da velha manda um gajo sentar-se em cima duma gaja que nem sequer me tinha sido apresentada?
A minha cachopa, não ficou nada satisfeita com o meu olhar de esgaio para a velha, e desatou a apressar as coisas, e a apresentar-me como namorado dela à velhota. Viemos para fora, para o pátio dela, e estava uma linda noite de nevoeiro e cassimba, que se me começaram a encarquilhar as peles em vários sítios. A velhota, daquelas à moda antiga, sempre a ver se o gajo mete a mão na "fruta", veio para a nossa beira, e olhando em tom de soslaio para a minha pessoa, exclama:
- Que engraçado, o senhor está com pele de Galinha.
- Foada-se!!! Você também tem cara de "Vaca" e eu não lhe disse nada pois não?